O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as tarifas planejadas para alguns produtos do Canadá e do México, previstas para entrar em vigor em 2 de abril, podem ser aumentadas. Em entrevista à Fox News, ele classificou o adiamento das tarifas como uma "pequena pausa" e ressaltou que a extensão desse prazo foi uma exceção.
As tarifas de 25% foram inicialmente anunciadas em fevereiro, mas tiveram sua aplicação adiada várias vezes. Elas incluem produtos contemplados pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que substituiu o antigo Nafta, em vigor desde 1994. Trump garantiu que essa é uma fase de transição e assegurou às montadoras que o adiamento foi pontual.
“É uma transição para abril e depois disso, não farei isso. Eu disse [às montadoras]: ‘Olha, vou fazer isso uma vez’”, declarou o presidente.
Recessão nos EUA? Trump evita previsão
Questionado sobre uma possível recessão na economia americana, Trump evitou arriscar previsões e afirmou que "detesta prever coisas assim". Ele destacou que os EUA passam por um período de transição econômica e que trazer riqueza de volta ao país leva tempo.
Por outro lado, seu secretário de Comércio, Howard Lutnick, foi mais enfático ao negar qualquer possibilidade de recessão iminente. "Absolutamente não", respondeu ao ser questionado diretamente pela Fox News sobre o risco de retração econômica em 2025.
Mercados reagem com incerteza
As ameaças de aumento de tarifas contra Canadá, México e outros países, como a China, têm causado volatilidade nos mercados financeiros americanos. Wall Street registrou sua pior semana desde a última eleição presidencial, e os índices de confiança do consumidor estão em queda. Muitos consumidores, já pressionados pela inflação, temem que as tarifas resultem em preços ainda mais altos para bens de consumo.
Além disso, cortes de empregos no setor público implementados pelo governo Trump, com apoio do bilionário Elon Musk, têm gerado preocupação adicional.
Projeções econômicas apontam retração
Um índice da filial do Federal Reserve (Fed) de Atlanta prevê uma contração do PIB de 2,4% no primeiro trimestre de 2025, o pior resultado desde o auge da pandemia de covid-19.
Economistas do Goldman Sachs elevaram sua estimativa de probabilidade de recessão nos próximos 12 meses de 15% para 20%, atribuindo a mudança às políticas comerciais de Trump. O Morgan Stanley, por sua vez, prevê um crescimento econômico mais lento do que o esperado anteriormente.
Enquanto isso, a China tem antecipado exportações para evitar impactos das tarifas americanas. Nos últimos dois meses, as exportações chinesas somaram US$ 540 bilhões, um reflexo da incerteza econômica global gerada pelas medidas protecionistas dos EUA.